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Educação Midiática em todo lugar: das salas de aula às salas de serviços e até em casa

Falo em uma educação que está para além das salas de aula. Ela está em nosso cotidiano, residência, entre outros ambientes de convivência e aprendizado.


Muito se fala sobre notícias falsas, as conhecidas fake news, e que devemos ser mais críticos sobre os conteúdos que circulam por aí, principalmente, na internet. Preocupação importante e que pode fazer parte do cotidiano de todos. O objetivo do texto a seguir é construir um diálogo digital que pode interessar a você. Topa seguirmos juntos? Vamos lá.

A gente sabe que a circulação de notícias falsas é algo antigo na história da humanidade, mas, é evidente que as plataformas digitais têm um papel crucial na ampliação desse processo, atualmente. O uso das redes sociais na internet, por exemplo, é reflexo do nosso mundo que, às vezes, se apresenta numa confusão de informações junto a um sentimento de desencontro. Quantas vezes você já se percebeu sem ter certeza em quem ou no que acreditar? Então, te convido a respirar fundo e pensar um pouco sobre tudo isso.

Foto de Joshua Miranda/pexels

E não é sobre dizer simplesmente “você deve checar!”, há uma realidade complexa e anterior que proponho visitar junto com você que está lendo. Entre grupos de indivíduos socioeconomicamente vulneráveis[1] estão pessoas de todas as idades, que possuem o que se considera baixa educação/instrução – formal ou não – e que, ainda, pode ser que não consigam pagar por um pacote de dados que vá além do uso do WhatsApp, o que dificultaria qualquer checagem, na prática. Então, como disse, é algo mais complexo do que parece e envolve mais fatores do que os mostrados nesse exemplo acima. Esse contexto pode se juntar, ainda, ao processo de envelhecimento e, não obrigatoriamente, ao afastamento das instâncias educativas e de atualização social.

Falo em uma educação que está para além das salas de aula, ela pode estar em nossos cotidianos, em nossas residências, entre outros ambientes de convivência e aprendizado. É aqui que a educação midiática entra, como proposta de se compreender as mensagens de variados meios, origens e formatos. O que elas querem nos dizer?

Falo de notícias falsas, porém, também estou falando da leitura crítica das mensagens de anúncios, de fotografias nas redes sociais, por exemplo, estou falando da leitura de mundo por meio de mapas ou a partir daquele conjunto de dados que a gente vê no jornal do meio-dia, enfim. De tudo que nos rodeia e que nos informa, de uma maneira ou de outra.

Nas últimas semanas conheci mais profundamente o programa EducaMídia, do Instituto Palavra Aberta, e meus horizontes vêm se ampliando nessa direção.

Entre outras coisas, as discussões colocam que a educação midiática estimula o acesso a fontes plurais de informação, qualifica a liberdade de expressão, reforça o direito à comunicação atuando na justiça social, é campo de desenvolvimento de habilidades para identificar conteúdos de várias naturezas, e estimula o envolvimento da sociedade na solução de problemas reais [2].

Por isso, gostaria de compartilhar com você algumas das ações que podem ser aplicadas em salas de aula e além delas. Você pode aplicar ações leves, por exemplo, em salas de UBS (Unidade Básica de Saúde), ambientes de convivência ou, ainda, em casa com toda a família. São atividades que ajudam a estimular a leitura crítica de mídia por meio da leitura direcionada, resultando, posteriormente, na participação informada cidadã, dentro ou fora da internet.

E, eu garanto que refletir sobre educação midiática pode ser divertido, dentro ou fora dos muros da escola!

Baralho de educação midiática para a toda família

Então, agora é hora de explorar o baralho de criação de atividades do EducaMídia, que é um recurso didático pensado inicialmente para a sala de aula, mas que, por ser flexível, pode ser levado para diferentes ambientes [3]. Aqui, chamo atenção para um ponto interessante, seria bem legal envolver todas as gerações, pois, estimular a troca de conhecimentos e de experiências também faz parte do aprendizado. Vou apresentar uma situação como exemplo enquanto mostro o passo a passo dessa troca tão especial. Vamos lá!

O ideal é que você comece selecionando um tema de interesse para a dinâmica. De modo geral, ela vai adquirir ares de jogo que pode envolver todos os presentes. Também verifique o formato e a linguagem mais adequada pensando no público que você quer atingir. Entre tantos assuntos importantes, escolho o tema informações sobre saúde para este exemplo.

Depois, selecione a ação, ou seja, o que vão fazer com as mídias selecionadas. A imagem abaixo indica as direções das ações propostas. Para o exemplo que escolhi acima, acho bem importante a ação identificar, a partir dela a gente se pergunta de onde vem a mensagem selecionada e, por exemplo, quem a criou. Esse é um exercício essencial e até introdutório, podendo servir de ponto de partida para o olhar crítico. Às vezes, algumas pessoas podem acabar passando adiante o que consideram notícias, mas, não sabem a origem e, ainda, se são informações checadas.

Agora, é hora de selecionar a mídia com a qual você pretende trabalhar, como na imagem abaixo. E pensando aqui em como é bem comum recebermos mensagens por meio do WhatsApp, proponho que você convide jovens, adultos e idosos da sua família, seus alunos em sala de aula ou até pessoas idosas usuárias de serviços, como em UBS, a selecionar o que consideram uma notícia recebida sobre saúde. Tá ficando legal, não é? Para mais opções de mídia, acesse e baixe de graça o baralho EducaMídia aqui.

Continuando, este é o momento da reflexão sobre a autoria. É hora de propor refletir sobre o que estão lendo, assistindo ou mesmo criando, como reconhecer a autoria do material escolhido, a intenção e ainda as técnicas empregadas naquele registro. Seguindo o exemplo colocado desde o início deste tópico, que são informações sobre saúde recebidas em formato de notícia via WhatsApp, é hora de refletir sobre quem escreveu aquele texto que cada um recebeu, muitas vezes não é da pessoa que acabou de encaminhar, também vale tentar identificar algumas técnicas de produção de notícias. Vou detalhar um pouquinho mais.

Independentemente do formato do material produzido – pode ser vídeo, áudio ou mesmo texto – o jornalista responde à seis perguntinhas que fazem parte do que se chama de apuração jornalística, são elas: O quê? Quem? Quando? Como? Onde? Por quê?

São questões amplamente utilizadas por várias áreas do conhecimento e estão em nosso dia a dia há tempos, sem dúvida. Então, que tal experimentar?

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Ao final da dinâmica você vai ter selecionado um tema, escolhido que tipo de ação que deseja realizar, a partir de um tipo de mídia e respectivo formato, chegando na reflexão pretendida. A ideia é que essas direções ajudem a criar um ambiente de discussão informado e crítico. E isso vale para todas as idades.

Quer deixar tudo ainda mais divertido? Use a criatividade e adicione tempo às ações, por exemplo, como quem identificar uma informação em apenas 1 minuto ganha a rodada!

Hora de compartilhar

Bem, primeiramente gostaria de agradecer a você que chegou até aqui!

Espero que a leitura tenha feito sentido e, agora, gostaria de saber mais sobre você, se tudo bem.

Antes de passar por aqui, você já tinha ouvido falar em educação midiática? O que mais te inspirou nas ações propostas? E, ainda, o que você pretende colocar em prática?

Me conta tudo aqui neste mural! Nele, você vai encontrar outras ideias inspiradoras e vai poder acrescentar a sua.

Até lá!

Notas
[1] Vulnerabilidade social: o que significa esse conceito? Disponível em: https://www.politize.com.br/vulnerabilidade-social/
[2] E-book 5 contribuições da educação midiática à democracia. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1HfedOyC6qTiFm9xZ__pPMTb5GOTgcdot/view
[3] Baralho EducaMídia. Disponível em: https://educamidia.org.br/recurso/baralho-de-criacao-de-atividades
[4] UNIFESP – https://sp.unifesp.br/epm/noticias/dia-mundial-de-conscientizacao-da-violencia-contra-a-pessoa-idosa

Para saber mais
Será que estamos mesmo bem informados na internet? Disponível em: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/sera-que-estamos-mesmo-bem-informados-na-internet/
Nem todo conteúdo enganoso ou irreal é fake news. Disponível em: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/nem-todo-conteudo-enganoso-ou-irreal-e-fake-news/
Como reconhecer fake news e identificar informações confiáveis? Disponível em: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/como-reconhecer-fake-news-e-identificar-informacoes-confiaveis/
Cuidado com golpes na internet! Disponível: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/cuidado-com-golpes-na-internet/
Apresentação decodificando mídias. Disponível em: https://educamidia.org.br/recurso/baralho-de-criacao-de-atividades

Obs.: Este material foi elaborado como projeto de conclusão da Formação de Multiplicadores em Educação Midiática do EducaMídia, programa do Instituto Palavra Aberta.

Foto destaque de RDNE Stock project/pexels


https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/novo/courses/fragilidades/
Camila Simões

Mulher preta amazônida graduada em Jornalismo com Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É membro do grupo de pesquisa Information & Media Lab (InfoMedia) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Se interessa por educação midiática e vulnerabilidades digitais. E-mail: camilasimoescontato@gmail.com

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