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Dona Zezé

A crônica “Dona Zezé” narra um sonho de uma benzedeira que preparou-se para morrer aos 75 anos, mas por erro celestial continuou viva…

 

A velha benzia desde os 12 anos e estava à véspera dos 85.

Sete, oito, nove, dez gerações foram cuidadas por seus gestos e palavras. Vento virado, cobreiro, mau-olhado, espinhela caída, carne quebrada e outros males, tudo ela costurava.

Os sonhos sonhados por ela eram batata. Não errava.

Um deles era de que viveria até os 75 anos. Preparou-se para morrer com essa idade, mas, pela primeira vez na vida, um de seus sonhos premonitórios falhou.

No aniversário de 76 anos, muito viva, concluiu que Deus tinha cometido um erro.

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Por algum motivo ele pulou seu nome na caderneta.

Resolveu aproveitar o descuido celestial e ficou na miúda. Parou de benzer para que Deus não se lembrasse dela.

Esta crônica saiu da caixinha de contos instalada no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo. Foi escrita por Cidinha da Silva, mineira, prosadora e dramaturga. Ela, belo-horizontina, está radicada em São Paulo. É um dos importantes nomes da literatura negra contemporânea. Sobre-viventes! (Pallas), Canções de amor e dengo (Me Parió Revolução) e Parem de nos matar (Ijumaa) são seus últimos livros. Tem 14 livros autorais de literatura distribuídos entre crônicas, conto e romance.

Ao alcançar 10 anos de carreira, Cidinha da Silva declarou à imprensa nacional que “Alguns escritores chegam prontos. O primeiro livro é um abalo. Tem outros que não. Crescem e amadurecem a cada livro. É nesse segundo grupo que me enquadro”.

Em Canções de amor e dengo, seu primeiro livro de poemas, diz que são na realidade experimentações, pois queria se desafiar no formato. A obra reúne 40 poemas, escritos em diferentes momentos. O livro fala de experiências de amor e desamor. Mas da lida diária também.

 

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