Depois de criar os filhos e acarinhar os netos, dona Áurea estava à beira de uma crise de depressão quando resolveu se matricular nas aulas de informática da Universidade Aberta à Terceira Idade. Sem sequer saber como se ligava um computador, aos poucos ela começou a desbravar e entender aquela máquina que tanto fascina as novas gerações.
Agência Alagoas. Fotos: Gabriela Flores
Depois de criar os filhos e acarinhar os netos, dona Áurea estava à beira de uma crise de depressão quando resolveu se matricular nas aulas de informática da Universidade Aberta à Terceira Idade (Uncisati), programa da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).
Como prova de sua dedicação e de todo o fascínio que o mundo virtual provocou em dona Áurea, ela criou três blogues: aureaasantosespiritas.blogspot.com.br; com mensagens positivas e de religiosidade; aurea-musicasinesqueciveis.blogspot.com.br, que concentra músicas inesquecíveis e especiais e o aurea-trabalhosmanuais.blogspot.com.br onde ela revela seu talento para o artesanato.
Sem medo
Dona Áurea comenta que por intermédio do uso das redes sociais conversa com amigos e parentes. “Depois de concluir as tarefas domésticas me conecto no ‘face’ (Facebook) e também no whatsapp”, revela dona Áurea.
Além de muito bate-papo, a nossa internauta utiliza a rede também para ouvir música e conversar pelo skype. “Nunca estou só. É preciso que fique claro que não sou velha. Sou idosa”, completa a estudante de 80 anos.
Se considerarmos que o Facebook, por exemplo, fosse um país, seria o terceiro mais populoso do mundo e, se observarmos que o twitter, até 2018 terá uma média de 400 milhões de usuários fica evidente que, para interagir com outras pessoas, quem estiver ‘fora da rede’ ficará de fato limitado.
Segundo a professora de informática para pessoas da terceira idade, Vera Alves, “os idosos estão dando um novo perfil às redes sociais. Estar conectado passou a ser um elemento propulsor da qualidade de vida para as pessoas com mais de 50 anos”, afirmou a professora.
Agência Alagoas: Acesse Aqui, em 08/03/2015.
Nota da Redação Portal
Reproduzimos esta matéria por ela representar um retrato das velhices brasileiras. No entanto, apesar da inclusão cada vez maior dos idosos ao mundo da tecnologia, nos incomoda bastante continuarmos a ouvir frases, como a que proferiu dona Áurea: “É preciso que fique claro que não sou velha. Sou idosa”. O que essa frase indica? Que, apesar de vivenciar uma velhice bem diferente daquela que supostamente viveu a mãe de dona Áurea, ela continua reforçando a juventude como valor a ser vivido ao longo da existência, além de associar a palavra “velho” a doença, pessoa acamada, rabugenta, enfim, tudo que é coisa “ruim” e que leva à uma velhice negativada. As palavras velho e idoso indicam pessoas que vivem a fase da velhice, assim como falamos crianças para assinalar os seres que vivem a face da infância. “Acertar” as linguagens é importante para a construção da cultura da longevidade.