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Desafios da Desospitalização

Há vários desafios que são enfrentados para chegar ao processo de desospitalização, termo ainda pouco conhecido pela maioria das pessoas, e que significa transferir o paciente já estabilizado do hospital para seu domicílio, onde será mantido em tratamento. Trata-se de uma tendência crescente no setor da saúde que aponta benefícios tanto para pacientes, reduzindo os riscos de infecção hospitalar, como para seus familiares, sendo o maior deles a permanência do paciente no seio familiar. Entre os desafios está a falta de comunicação e orientação da equipe de profissionais dentro do hospital para o paciente e familiares no processo de alta, a falta de uma atenção necessária para a família e as reinternações hospitalares.

Bruna Mendes e Wanderley Correia *

 

Muitas pessoas acreditam que o melhor lugar para se adoecer é dentro de um ambiente hospitalar, por acharem que é um lugar que oferece maior segurança e recursos técnicos e que com isso suas chances de recuperação serão maiores. Mas o que a grande maioria das pessoas não sabe é que o hospital também traz riscos à saúde às pessoas que estão internadas.

Sabemos que o hospital é um local que oferece riscos por ser um ambiente que recebe inúmeros tipos de doenças, que os pacientes internados já estão debilitados tanto fisicamente como emocionalmente, e naquele ambiente eles são expostos a outros tipos de contaminações que podem acarretar a riscos de outras doenças, fora o custo que é gasto tanto pelo paciente quanto pelo hospital.

Atualmente estamos vivendo uma transformação das doenças infecto contagiosas para as doenças crônicas não transmissíveis como cardiopatia, câncer e depressão. Devido a industrialização dos países e as mudanças na forma de trabalho o índice de doenças crônicas tem aumentado, hoje elas são responsáveis pela maioria das doenças, mortes, invalidez e internação, pois com o aumento na expectativa de vida nossa população está envelhecendo e com isso ocorrem muitas internações prolongadas e gastos decorrente dessas internações. Um tema que começa a ser discutido pela sociedade, como o da desospitalização. Este foi o assunto principal da 8a Jornada Interdisciplinar de Geriatria e Gerontologia (8aJIGG), promovida pelo Hospital Sírio Libanês, realizada recentemente em São Paulo.

Desospitalização

A desospitalização não é dar alta antes do tempo para o paciente e sim oferecer suporte para que a pessoa tenha o tratamento adequado dentro de casa. Um exemplo dado durante a 8aJIGG é o atendimento de home care que pode melhorar a qualidade de vida daqueles pacientes que não precisam ficar bastante tempo internados no hospital, trazendo o mesmo para mais próximo da família e amigos.

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O home care é uma especialidade que vem crescendo e que possui uma visão diferente do hospitalar, pois suas atividades são dedicadas a a) pacientes portadores de doenças crônicas ou degenerativas, principalmente acompanhadas de sequelas neuropsicomotoras e b) seus familiares de forma individualizada em ambiente extra hospitalar. A metodologia utilizada é no sentido de melhorar a estabilidade da saúde física, mental, social e emocional dos pacientes atendidos.

Há vários desafios que são enfrentados para chegar ao processo de desospitalização, como a falta de comunicação e orientação da equipe de profissionais dentro do hospital para o paciente e os familiares no processo de alta, oferecer uma atenção necessária para a família que no momento é a mais preocupada quanto a levar o paciente para a casa e que a pessoa doente receba o devido cuidado. Essa falta de comunicação traz insegurança e medo para família, levando-a a impedir muitas vezes o processo de alta.

Outro grande desafio da desospitalização são as reinternações hospitalares, pois traz desconforto ao paciente e a seus familiares. Por isso é importante conhecer todos os perfis dessa população, com vistas a prestar um melhor atendimento hospitalar e, principalmente, planejar com mais atenção os cuidados que serão necessários após a alta, a fim de evitar uma reinternação não programada.

Os benefícios da desospitalização no tempo correto para o paciente proporciona maior chance de esclarecimento e envolvimento familiar, diminuição de riscos e maior estímulo e continuidade para o tratamento. Por exemplo, a maioria dos idosos internados não adere ao tratamento por estar em um hospital, preferindo ter acompanhamento em casa perto dos seus familiares. A desospitalização não é aconselhável para todos os casos, pois muitas vezes a hospitalização do paciente é muito necessária.

De acordo com informações da 8aJIGG, para o hospital os benefícios da desospitalização são melhor gestão dos leitos com maior capacidade operacional e, para as fontes pagadoras, melhor gestão das despesas assistenciais e diminuição dos custos.

A 8a Jornada Interdisciplinar de Geriatria e Gerontologia (8aJIGG) do Hospital Sírio Libanês possibilitou uma análise que permitiu maior amplitude de conhecimento sobre desospitalização. Importante ressaltar que a desospitalização não significa dar alta precocemente para o paciente, e sim humanizar seu processo de recuperação. Em casa, ele pode receber todo cuidado que necessita de profissionais especializados e com atenção e apoio da família. Além de gerar melhores resultados para o paciente e seus familiares, a desospitalização também é vantajosa para o hospital e para a comunidade como um todo.

* Bruna Mendes – Enfermeira e Mestranda em Gerontologia pela PUC-SP. E-mail: bruna_mendes91@hotmail.com

Wanderley Correia – Fisioterapeuta, Pós Graduado em Ortopedia pelo Albert Einstein e Mestrando em Gerontologia pela PUC-SP. E-mail: fisiowanderleycorreia@gmail.com

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