Geralmente há resistências sobre o encaminhamento para moradias coletivas por duas razões, essencialmente: a primeira é que os modelos existentes não são muito atraentes e as raras exceções podem ser ou muito caras ou não disporem de vagas. A outra razão incide sobre a culpa que muitos sentem por associarem quaisquer moradias a asilos, embora não possam dar a atenção que deveriam pois também não podem abrir mão das próprias vidas.
Maria Luisa Trindade Bestetti *
Geralmente há resistências sobre o encaminhamento para moradias coletivas por duas razões, essencialmente: a primeira é que os modelos existentes não são muito atraentes e as raras exceções podem ser ou muito caras ou não disporem de vagas. A outra razão incide sobre a culpa que muitos sentem por associarem quaisquer moradias a asilos, embora não possam dar a atenção que deveriam pois também não podem abrir mão das próprias vidas.
A hipocrisia natural de toda sociedade que se baseia num modelo colonial, onde a mão de obra é pouco valorizada, ainda condena muitos a organizarem seu tempo e recursos para essa finalidade, de modo a que não haja julgamentos. Porém, é preciso avaliar o quanto de qualidade se oferece ao idoso e o quanto se retira dos mais jovens. Não defendo aqui a expulsão de idosos do seio familiar, muito pelo contrário: quando há uma valorização desse indivíduo, colocando-o como um agente ativo na organização doméstica, não só ele estará feliz como fará o grupo feliz, mesmo que algum cuidado seja necessário.
Estar ativo significa produzir, ter opções e realizar atividades úteis ao grupo, o que normalmente se exige também dos filhos nas famílias contemporâneas. Portanto, manter o idoso em casa ou optar por uma moradia coletiva especializada requer atenção para a condição que não se interrompam rotinas desejadas, que mantenham a autoestima em alta e ofereçam bem-estar.
Portanto, colocar o indivíduo no centro da decisão, especialmente considerando sua opinião sobre o assunto, pode amenizar conflitos e tornar a transição mais equilibrada para todos. Afinal, por que sentir-se culpado se a intenção é a melhor possível para que se mantenham firmes e fortes os laços que os unem? Moradias coletivas ou unifamiliares que mantenham a dignidade dos seus ocupantes serão sempre os argumentos mais importantes diante desta difícil decisão.
* Maria Luisa Trindade Bestetti – Sou arquiteta e pesquiso sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. Ser modular significa harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades. Se você tem mais de 50 anos e está preocupado sobre como morar na velhice, participe: leia, comente, pergunte, discuta!… Estamos vivendo mais e melhor, é preciso que pensemos nisso com a tranquilidade e a confiança necessárias para podermos viver muito com segurança e conforto. Acesse Aqui