O trabalho de cuidado (care work) é uma atividade profissional em plena expansão na economia de serviços em escala internacional. Tradicionalmente, às mulheres tem sido confiado o encargo do cuidado domiciliar das pessoas idosas, das crianças, dos deficientes e dos doentes.
Helena Sumiko Hirata *
Esta coletânea reúne textos de autores brasileiros e estrangeiros, especialistas no tema, vários deles reconhecidos mundialmente por suas pesquisas e obras sobre o care. Os tópicos procuram recobrir tanto o debate teórico internacional sobre o care – trazendo algumas das contribuições contemporâneas mais significativas –, quanto abrir o leque para uma multiplicidade de enfoques empíricos, vários deles com claro intuito comparativo, e todos eles deixando ao leitor pistas importantes para retomar as questões teóricas à luz das diferentes realidades aqui tratadas.
O livro se estrutura em quatro partes. Inicia, na Parte I, intitulada “Care, trabalho e emoções”, com uma reflexão densa sobre as teorias do care, sua definição e seu alcance, sobre as questões relacionadas à ética, à política e à economia do care. Avança, na Parte II, “Configurações sociais do care”, em busca de flagrar e comparar configurações e regimes sociais de provimento que estão na base do entendimento das variantes sociais do trabalho de cuidado.
A Parte III é denominada “Care, políticas públicas e profissionalização”. Focaliza desafios societais com vistas à profissionalização relativamente recente dessa modalidade de trabalho, com suas características e especificidades, e o lugar das políticas públicas. A última parte, “Care e migrações internacionais”, enfoca um dos aspectos centrais ao modo de recrutamento e organização do trabalho de cuidado, qual seja, o seu elo com a dinâmica dos fluxos migratórios e com os modos de inserção de migrantes, notadamente internacionais, em mercados nacionais de trabalho de países diversos.
Sobre as organizadoras
Helena Sumiko Hirata é graduada em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutora em Sociologia Política pela Universidade Paris-8 e livre-docente pela Universidade de Versailles- St.Quentin-en-Yvelines. É Diretora de Pesquisas no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), França. Suas áreas de pesquisa abrangem os temas: globalização, trabalho e gênero; desemprego e precarização do trabalho; trabalho das mulheres e divisão sexual do trabalho; organização do trabalho e gestão da mão-de-obra na indústria e nos serviços; teorias e práticas do care: comparações internacionais. Publicou recentemente: Nova divisão sexual do trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade, SP: Boitempo, 2002; Dicionário crítico do feminismo (org.) com F. Laborie e al, SP: EDUNESP, 2009; Le sexe de la mondialisation (org.) com J. Falquet e al, Paris: Presses de Sciences Po, 2010.
Nadya Araujo Guimarães é graduada em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília, doutora em Sociologia pela Universidad Nacional Autónoma de México e livre-docente em Sociologia do Trabalho pela Universidade de São Paulo, onde é professora titular do Departamento de Sociologia. É pesquisadora do CNPq associada ao Centro de Estudos da Metrópole. Suas áreas de pesquisa abrangem os temas: novas relações de emprego e os desafios de sua teorização; desemprego, procura de trabalho e mecanismos de intermediação; reestruturação das firmas e trajetórias dos trabalhadores; desigualdades de gênero e raciais no trabalho. Publicou recentemente: Trabalho flexível, empregos precários? (co-org. com H. Hirata e K. Sugita, S.P.: EDUSP, 2009); Desemprego, uma construção social. São Paulo, Paris e Tóquio (B.H.: Ed. Argvmentvm, 2009), À procura de trabalho. Instituições do mercado e redes (B.H.: Ed. Argvmentvm, 2009); Caminhos Cruzados – Estratégias de Empresas e Trajetórias de Trabalhadores (S.P.: Ed. 34, 2004).
Sobre os(as) colaboradores(as)
Adriana Fontes, economista, pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, Brasil.
Ana Amélia Camarano, demógrafa, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Brasil.
Angelo Soares, sociólogo, professor da Université de Quebec à Montréal, Canadá.
Arlie Hoschchild, socióloga, professora da University of California, Berkeley, Estados Unidos.
Bila Sorj, socióloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.
Florence Weber, antropóloga, professora da École Normale Supérieure e pesquisadora do Centre Maurice Halbwachs, Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), França.
Guita Debert, antropóloga, professora da Universidade Estadual de Campinas, Brasil.
Helena Hirata, socióloga, diretora de pesquisa emérita no Centre de Recherches Sociologiques et Politiques de Paris – Genre, Travail, Mobilités (CRESPPA-GTM, CNRS) , França.
Isabel Georges, socióloga, pesquisadora do Institut de Recherches sur le Développement, França e professora visitante da Universidade Federal de Sao Carlos, Brasil.
Kurumi Sugita, antropologa, pesquisadora do Institut de l’Asie Orientale, Ecole Normale Supérieure (ENS) Lyon, França.
Loïc Trabut, sociólogo, pesquisador do Centre Maurice Halbwachs, CNRS, França.
Miriam Glucksmann, socióloga, professora da University of Essex, Reino Unido.
Nadya Araujo Guimarães, socióloga, professora da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole, Brasil.
Pascale Molinier, psicóloga, pesquisadora da Unité Transversale de Recherche Psychogenèse et Psychopathologie (UTRPP) e professora da Université Paris 13, França.
Rhacel Salazar Parreñas, socióloga, professora da University of Southern California, Estados Unidos.
Thierry Ribault, economista, pesquisador do Centre Lillois d’Etudes et de Recherches Sociologiques et Economiques (CLERSE)-Université de Lille, CNRS, França.
Viviana Zelizer, socióloga, professora da Princeton University, Estados Unidos.
Yumi Garcia dos Santos, socióloga, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.