O objetivo maior desse evento foi a proposta da construção de uma rede intersetorial nos Municípios, nos Estados, no Distrito Federal, com abrangência em todo o território nacional conforme prevê a Política Nacional do Idoso (Art. 8, inciso III da Lei n.º 8.842/94), estabelecendo-se assim a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (RENADI).
Teresa Ramos F. D. Bacelar, com colaboração de Maria do Socorro R. Ferreira e Ruth G. C. Lopes *
Assim, foi a partir dessa Conferência que se passou a pensar e definir estratégias cotidianas de ações simples e objetivas, no sentido de interligar o trabalho entre os setores públicos e privados, em prol de um bem maior que é a garantia dos direitos da pessoa idosa em sua integralidade.
Mas como falar dessa rede sem antes visualizá-la? Para entendê-la podemos usar como exemplo a rede de pesca.
Quem já viu uma rede de pesca sendo feita, sabe muito bem que é um trabalho de tecer e amarrar ponto por ponto. O nó de rede é o ponto a partir do qual a rede se ramifica e se une por um fim. Não é um trabalho rápido e requer atenção dos pescadores.
Na rede de Entidades e pessoas, o entrelaçar deve acontecer aos poucos e parte por parte, para que cada órgão participante se convença da sua importância, se abra para somar com o todo sem ficar preso ao seu ponto de vista ou interesse pessoal, tendo a consciência de que é parte desse processo.
Vale lembrar que a rede, com seus vazios (os buracos que a rede de pesca possui!), é uma trama que envolve sem sufocar e que ganha força no seu conjunto e não na resistência isolada de cada fio.
Entendendo isso, vamos partir para o seu significado real. Compreende-se por REDE um sistema igualitário e democrático que organiza pessoas e instituições, diferentes atores do poder público e da sociedade, em torno de um objetivo comum favorecendo a troca de informações, articulação e implementação integrada das políticas públicas através da oferta de serviços e ações conjuntas.
A proximidade e a integração dos vários órgãos que compõem a rede garantem facilidade no contato pessoal, rapidez na comunicação e evita a multiplicação de formulários e papéis. Além disso, faz-se necessário o diálogo permanente entre pessoas, instituições, órgãos, sociedade e comunidade desconstruindo a idéia fragmentada (cada um na sua) das ações institucionais.
Ou seja, a RENADI é a finalização da organização do conjunto articulado e descentralizado dos serviços que garantam os direitos das pessoas idosas, fruto do esforço de todas as unidades do território nacional (Municípios, Estados e Distrito Federal).
E, assim como existem os mais variados tipos de redes de pesca (redondas, compridas, de malhas grandes, de malhas pequenas) composta por malhas e nós, cada município, não importando o seu porte, define, constrói, ajusta e pactua a sua rede de compromissos assumidos entre as secretarias, órgãos e entidades prestadoras de serviços aos idosos inaugurando o novo modelo de agir.
Entretanto, sabemos que a articulação da Rede é um grande desafio que precisa ser vencido para a garantia dos direitos da pessoa idosa por meio de um compromisso, de um pacto celebrado entre instituições que otimize recursos materiais e talentos pessoais.
É preciso vencer as barreiras do comodismo, do descompromisso, da falta de comunicação e da centralidade de poder. Vale lembrar que o alicerce da Rede é a vontade, o diálogo e o compromisso pactuado.
A costura dinâmica de muitos pontos articulados e organizados entre si, ultrapassa fronteiras físicas e geográficas e pode se desdobrar em múltiplos níveis capazes de agir de forma temporária ou permanente conforme a necessidade ou demanda.
Dessa maneira, acreditamos que é urgente a constituição de espaços de discussão, estudo e comunicação, garantindo a integração das ações e consolidação dos Fóruns, bem como a implementação da RENADI.
E finalizando utilizamos as palavras de Rubem Alves, “é evidente que nem as redes dos pescadores, nem as redes dos cientistas caem dos céus. Elas têm de ser construídas…”
Referências
Texto Base da I Conferência Nacional de Direitos do Idoso “Construindo a rede nacional de proteção e defesa da pessoa Idosa – RENADI”. Brasília. 2005.
Disponível Aqui. Acesso em: 23/08/2010
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*Ana Teresa Ramos F. D. Bacelar – Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Maranhão (2003) e pós-graduação em Gerontologia pela Faculdade Santa Fé (2005). Atualmente está cursando o Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia (Mestrado) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Email: atbacelar@hotmail.com
Maria do Socorro R. Ferreira – Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Maranhão (1973), curso técnico-profissionalizante em Curso Normal pelo Colégio Santa Teresa (1969) e especialização em Saúde Pública pela Universidade Federal do Maranhão (1979), em Educação Infantil e Especial pela Universidade Cândido Mendes (2002). Atualmente é Servidora Pública do Governo do Estado do Maranhão. Email: socorroramosferreira@hotmail.com
Ruth G. C. Lopes – Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1978), mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1991) e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1999). Atualmente é associado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Email: ruthgclopes@pucsp.br