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Como se identifica o envelhecimento precoce?

Mariana Ferrão e Fernando Rocha, apresentadores do Programa Bem Estar da Rede Globo de Televisão, recebem o especialista em envelhecimento Alexandre Kalache e o endocrinologista Alfred Halpern em entrevista que abordou as questões: “Como se identifica o envelhecimento precoce? É possível fazer esse diagnóstico?”

 

 

Kalache: É possível. Tem duas formas de você ver o envelhecimento precoce: uma é muito mais complexa do que a biológica. Você tem que fazer uma série de testes, uma bateria de exames que é muito complicado. A outra é muito mais prática: quais as capacidades que você tem de executar determinadas coisas, determinadas tarefas que fazem com que você possa ser independente na idade que você tem. Exemplos: Se você consegue tomar banho sozinho, fazer a barba, cozinhar, fazer um pagamento, fazer um telefonema, etc. Então isso é muito mais funcional, quais as funções que você tem. Você pode chegar a conclusão que tem uma pessoa de 67 anos que tem uma capacidade funcional menor do que aquela senhora que a gente viu agora que tem 102 anos [referindo-se a otimista, alegre e de bem com a vida, Dona Lurdes]. Então é uma coisa muito mais prática e tem um valor do ponto de vista de que serviços que esse país, que está envelhecendo tão rápido, vai precisar para essa batelada de pessoas que estão envelhecendo. Então você não vai ficar medindo isso ou aquilo. Você vai para a prática medir a capacidade física que cada um tem de ter uma vida independente.

Já o endocrinologista Halpern vê os exames como instrumentos adequados para avaliar o nivel de envelhecimento do indivíduo. Ele diz:

Halpern: Mas também pode medir hormônio, pode fazer alguns exames. Por exemplo, um homem pode entrar em andropausa, ele teve a testosterona baixa, outros sinais, ou mesmo, os mais jovens ainda. Você vê sinais físicos: pele já mais enrugada, principalmente o sujeito que fuma. Vamos repetir, o sujeito que fuma e tem outros exames também. Você pode fazer exame que vê o teu grau de arterioesclerose. Quer dizer, por que a gente envelhece? A gente envelhece, entre outras coisas, porque nossas artérias envelhecem porque nossas células envelhcem e há maneiras de se detectar isso. Agora vem a pergunta que a Mariana fez aqui neste bate papo: Na hora que você percebeu que você já está um velho precoce, ainda dá para recuperar? Eu acho que dá, não é Alexandre?

Kalache: Isso é um sinal de alerta, na verdade. Aquele senhor que tem 83 anos [referindo-se ao Sr. Antonio, maratonista saudável e vencedor] que está correndo e ganhou tantas medalhas: ele falou, ele disse que notou que aos 60 anos ele estava engordando um pouquinho e foi o sinal de alerta para ele pensar: eu vou me cuidar. E você vê quanto você consegue em 23 anos, quantas medalhas, não é! Quantos troféus, então realmente você tem essa mensagem de que nunca é tarde demais, outros com 60 anos falam assim: já estou com 60 não adinta mesmo me cuidar. Depois de 20, se chegasse aos 20 mais, chegasse aos 80 iria relaxar. Ele não, ele foi lá em uma, conferiu e está do jeito que a gente viu.

Mariana Ferrão: E tem cada vez mais gente assim, animada, mais velha e descobrindo que mesmo aposentado não consegue ficar parado. É o caso do senhor Ático Alves de Souza que vamos conhecer, ele está com 84 anos.

Em reportagem de Renato Biazzi:

– Todos os dias antes do restaurante abrir, o Sr. Ático inspeciona cada detalhe, ele tem 84 anos e repete esta rotina há 60 em todos os lugares onde trabalhou como garçom. É maitre, acha que isso ajuda a manter a cabeça e o corpo melhor. Ficar parado não deu muito certo.
Sr. Ático: Eu aposentei, fiquei um ano e quatro meses lá na chácara. Eu tinha comprado essa chácara para ir na aposentadoria morar lá, cuidar de uma galinha, de um frango ou de um cabrito, essas coisas. É que eu me criei na roça, mas eu estava um tédio lá, não dava, não tinha a menor alegria.

Renato Biazzi: Ele sempre trabalhou junto de muita comida boa mas olha a receita para viver tanto e tão bem:

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Sr. Ático: Olha, para manter a saúde eu como meu feijão com um pouquinho de arroz, que eu não gosto de arroz porque lá na Bahia não tinha mesmo.

Renato Biazzi: E tem mais uma coisa muito importante:

Sr. Ático: Faz quase 50 anos que eu não bebo.

Renato Biazzi: O Sr. Ático também aposta na genética, ele tem irmãos que já passaram dos 100.

Sr. Ático: José está com 102 anos e a Maria fez 104 em março.

Renato Biazzi: Ele resume o que faz a diferença: as pessoas de quem a gente gosta que gostam da gente.

Sr. Ático: Com a família e a clientela que eu tenho e os colegas que eu tenho.

Fernando Rocha: Bonito, né!

Halpern: Aí tem um ensinamento. Quer dizer: ele queria ir lá para a chácara cuidar das suas galinhas, mas não é o que ele se sente útil, ele se sente útil, ele sente prazer trabalhando. Então não precisa parar de trabalhar. Aliás, uma das coisas do envelhecimento, das causas é o sujeito se aposentar, aquela história de que tem que se aposentar. Não tem. Pode continuar trabalhando.

Kalache: Porque como o homem tem uma função definida na nossa sociedade, ele perde a função ao parar de trabalhar. Ele se aposenta e fica perdido. E tem uma mortalidade muito maior nos dois primeiros anos depois da aposentadoria. A mulher não. Se ela aposenta, porque muitas não tiveram nem o privilégio de poder realmente trabalhar e ter um emprego remunerado. Quando ela se aposenta ela volta a fazer o que a mulher sempre fez que é cuidar da família, da comunidade, ter os laços. Então ela tem o que a gente chama de capital social muito maior do que nós homens. É isso, é um aviso para nós homens: cuidem-se, porque muitos, mesmo os que queiram continuar a trabalhar não vão ter a mesma oportunidade. Porque a sociedade não está dando oportunidade para as pessoas continuarem ativas, a trabalhar. Então cuide-se, tenha amigos, tenha projetos. É interessante. Há pouco tempo, há uns dois meses atrás, em São Paulo, foi o fórum Bradesco da Longevidade. A Shirley Maclaine, aquela atriz maravilhosa foi convidada e ela falou numa frase uma coisa fenomenal para a longevidade, quando perguntaram qual é o segredo. E ela disse: Esteja presente. Presente, não fique excluído, não se autoexclua, continue ativo, seja no trabalho, seja no trabalho voluntário, seja na sua prática na sua comunidade. Vá dançar, vá fazer tudo que tem de fazer e ter direito.

Mariana Ferrão: Está dado o recado, então!
Referências:

VÍDEO – BEM ESTAR (2011). Aprenda a identificar o envelhecimento precoce. Disponível Aqui. Acesso em 11/12/2011.
VÍDEO – BEM ESTAR (2011). Antônio chega aos 83 anos em ritmo de maratona. Disponível Aqui. Acesso em 11/12/2011.
VÍDEO – BEM ESTAR (2011). Dona Lurdes chega aos 102 anos sem estresse e comendo batata frita. Disponível Aqui. Acesso em 11/12/2011.

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