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Como é morrer?

Especialistas em saúde da Escócia divulgaram um guia oficial da National Health Service (NHS) com novas diretrizes que explicam o que acontece quando alguém está morrendo, já que preocupações sobre a morte se tornaram uma experiência alienígena para muitos de nós.

Helen Puttick *

 

Essa divulgação teve origem em uma pesquisa que revelou que apenas 14% dos escoceses chegou a perguntar para um membro da família sobre o seus desejos de final de vida.

Respiração superficial, inchaço nas mãos e sonolência estão entre as alterações descritas no guia oficial da National Health Service (NHS) da Escócia, sob o título “Como é morrer?”,

que está sendo divulgado com o objetivo de passar alguma ideia do que se pode esperar nos últimos dias e horas de vida, a fim de nos reconfortar.

Essa divulgação teve origem em uma pesquisa que revelou que apenas 14% dos escoceses chegou a perguntar para um membro da família sobre o seus desejos de final de vida. Enquanto 84% dizem que qualidade de vida é mais importante para eles do que a quantidade de tempo que eles vivem, e 68% acha que na sociedade de hoje é mais confortável discutir a morte do que há 10 anos. A grande maioria das pessoas pesquisadas não registrou suas preferências de cuidados futuros.

Edward Small, um tutor Inglês na Universidade de Dundee, que acabou de concluir na Escócia sua tese sobre a cultura da morte, disse: “Nós costumávamos ser, como uma nação, muito mais abertos sobre a morte. As pessoas morriam em casa, em suas comunidades. Vizinhos iam juntos para ver as pessoas que haviam morrido, em suas próprias casas. “

Segundo ele, essa mudança aconteceu em 1937, quando a primeira casa funerária abriu sua própria capela de “repouso” e tornou-se cada vez mais comum os corpos serem removidos de suas casas, a fim de serem velados ali. O advento do NHS, em 1948, também levou um número considerável de pessoas a morrer no hospital e não mais em suas casas.

Small disse ainda que “A velocidade com que a gente se tornou desconhecido e, em seguida, estranho e, depois, alheio à morte, realmente é notável.”

As novas diretrizes destacam mudanças perceptíveis na condição física do agravamento do doente, que podem incluir: a redução do apetite; alterações na respiração; pele ficando mais fria e mudanças na cor; e tornar-se inquieto e agitado.

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Mark Hazelwood, diretor-executivo da Parceria Escocesa de Cuidados Paliativos, declarou que em 1949, 80% das pessoas morreram em casa – mas agora o número está mais próximo a 20%.

A pesquisa, realizada recentemente na Escócia com 182 pessoas, concluiu que mais de três quartos sentiu que seria mais fácil para as pessoas terem seus desejos de fim de vida cumpridos se as pessoas se sentissem mais à vontade para discutir morte e luto. No entanto, apenas 7% disseram aos pesquisadores que tinham registrado seus desejos sobre seus cuidados no futuro caso eles cheguem a um ponto onde não possam mais tomar decisões por si mesmos.

Hazelwood disse: “Nós temos um sistema de saúde e de assistência social que foi realmente criado com a intenção de curar as pessoas e dar uma resposta padrão, mas se o que é mais importante para você é qualidade de vida e não viver por tanto tempo quanto possível, é realmente importante tomar medidas para que o seu médico saiba disso”.

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Mark Hazelwood comentou que se nós não comunicarmos o nosso desejo, o sistema de saúde existente hoje continuará a nos colocar no hospital, fazendo exames e, possivelmente, nos submetendo a procedimentos médicos que são fúteis e bastante onerosos – sem fazer nada para melhorar a nossa qualidade de vida.

E acrescenta: “Se você olhar para o que os médicos escolhem para o fim de suas vidas, eles não escolhem isso.”

Por isso é que Hazelwood pede uma “mudança cultural”, em que falar sobre a morte e planejando-a, ela possa se tornar uma coisa normal – como os planos de saúde para gestantes. No momento, ele disse, até mesmo profissionais de saúde podem achar que é difícil admitir que alguém está se aproximando do fim de sua vida.

Nota da Redação

O National Health Service é mais conhecido como NHS. Trata-se de um dos maiores sistemas públicos de saúde e o mais antigo do mundo. Todos que vivem legalmente na Inglaterra têm direito a consultas, atendimentos, tratamentos e, em alguns casos, até medicamentos gratuitos.

Todos os bairros de Londres contam com um General Practitioner Surgery – ou apenas GP – que funciona como um centro de saúde local, uma espécie de Unidade Básica de Saúde (UBS) no Brasil. Um médico geral é designado como médico responsável para cuidar das pessoas registradas em determinado bairro. Ele é quem faz as consultas e, se achar necessário, encaminha o paciente para um especialista.

* Helen Puttick escreveu para o The HeraldScotland, no dia 26 e maio de 2015. Tradução livre de Sofia Lucena. Artigo Disponível Aqui 

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