A política de saúde, por exemplo, é uma política de atenção à vida individual e coletiva. Alimentar-se, vestir-se, morar digna e confortavelmente, ter acesso aos serviços que previnam doenças e promovam a saúde, renda para não depender de esmolas que humilham e diminuem a altivez do ser humano, água, acesso a medicamentos e assistência médica, são aspectos da vida que qualificam a cidadania.
Raimunda Silva d’Alencar e Wagner A. H. Pompéo *
Este livro traduz uma proposta dos organizadores de discutir a questão da cidadania na velhice, sob enfoques distintos do conhecimento – jurídico, educacional, de saúde, econômico – entrelaçados com as políticas públicas, em artigos cujos autores têm formação diversa e sensibilidade focada na realidade da velhice brasileira.
Os artigos apresentam conteúdos oriundos de experiências de profissionais que ousam pensar o cotidiano de pessoas idosas nos enfrentamentos dos problemas vividos a cada minuto.
O tema, por si, é instigante, na medida em que se considere a cidadania como um conceito itinerante, cuja compreensão muda no tempo e no espaço e, além de não alcançar toda a população brasileira, ainda trata boa parte dela com medidas assistencialistas, com ações sociais que mais alienam do que combatem o efeito, pois não buscam responder às causas e mantêm o mesmo status quo.
Os focos da cidadania têm transitado, historicamente, entre: posse de bens, direitos políticos (como organizar-se, votar, ser votado), vinculação formal ao mercado de trabalho (para acesso à saúde, por exemplo), direito ao consumo, tanto de bens quanto de serviços necessários à sobrevivência, além da solidariedade, do cuidado e, mais recentemente, da sustentabilidade.
A política de saúde, por exemplo, é uma política de atenção à vida individual e coletiva. Alimentar-se, vestir-se, morar digna e confortavelmente, ter acesso aos serviços que previnam doenças e promovam a saúde, renda para não depender de esmolas que humilham e diminuem a altivez do ser humano, água, acesso a medicamentos e assistência médica, são aspectos da vida que qualificam a cidadania.
E não pode haver cidadania se não há medidas na sociedade que protejam a vida pessoal dos indivíduos. Portanto, a cidadania precisa de políticas de atenção à vida. Nisso os textos aqui apresentados são claros quando analisam, desde a construção da cidadania enquanto conceito polissêmico, até as políticas públicas de proteção à velhice, sinalizando que os idosos têm direito a viver, mas não viver precariamente, fragilizadamente, vulneravelmente, mal- tratados inclusive institucionalmente, mas viver com plena dignidade.
* Raimunda Silva d’Alencar e Wagner A. H. Pompéo são organizadores do livro “A Cidadania na perspectiva da velhice-Desafios cotidianos para viver com dignidade”, editora da UESC, 2016.
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