Em fevereiro, mês do carnaval, pude vivenciar através da Alice o sentido dessa festa. Ela, integrante da escola de samba “Grêmio Recreativo Cultural Império do Parque das Águas”, chegava todos os dias com histórias diferentes sobre a organização do desfile de carnaval e da vivência comunitária.
Em minha residência tenho o hábito de separar o lixo reciclável e nesses últimos meses todas as caixas de papelão separadas, eu levava até a casa dela e escutava “esta vai virar uma costeira da fantasia” ou “essa outra vai ser usada no carro”. E assim essa comunidade foi através do sonho transformando, reciclando e principalmente convivendo, interagindo e entrando em nossas vidas através desses relatos diários.
Chegou o dia do carnaval! Fomos à avenida, eu e minha filha. Surpreendidas por tudo! Pela organização, policiamento do local e principalmente pela alegria de todos que lá estavam. As caixas da minha casa estavam desfilando rebordadas de paetês e brilhos!
A comunidade das Águas mostrava, no sorriso ansioso da porta bandeira até a paz da ala das baianas, que estava pronta a desfilar a vida, o trabalho e com orgulho dando conta dos quesitos carnavalescos que a união produziu. Só assistimos essa escola e viemos embora como gostinho de quero mais.
Saí do sambódromo feliz, recarregada de esperança, de confiança e de que enquanto famílias como a da D. Toninha existirem, a vida tem sentido.
O Residencial Ciclo Vital é sempre um lugar de festas e no sábado após o carnaval, a escola campeã de solidariedade veio desfilar a alegria junto aos hóspedes. Vinte e cinco integrantes foram ao Ciclo.
A Bateria adentrou a nossa sala de estar com toda garra e força.
Eles não gostam do barulho de descriminação. Não gostam de ser segregados em quartinhos do fundo de uma residência onde adolescente não os respeitam. Eles gostam sim de viver e fazer parte da comunidade e do mundo.
Os hospedes caíram no samba! E também os funcionários e a direção. Alguns puderam realizar o sonho de desfilar em uma escola de samba, outros, dentro de suas possibilidades fizeram parte da bateria e puderam ter mais uma vivência diferente para relatar para a família ou simplesmente alegrar a alma.