Você sabia que uma pessoa com problemas renais não pode comer carambola, aquela fruta de quintais e pomares caseiros? É que a fruta tem uma neurotoxina, chamada caramboxina, que atua no sistema nervoso quando ela não é filtrada pelo rim. Pois é, pouca gente sabe disso e ao ingeri-la passa mal e até pode morrer. Além do mais, como a carambola possui ácido oxálico que pode causar cálculos renais a recomendação é que as pessoas de maneira geral a consomam com moderação.
Quem explica é o professor Norberto Peporine Lopes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da USP, “Se uma pessoa sadia ingere a carambola, a toxina é absorvida pela digestão, filtrada pelo rim e eliminada na urina. Mas em pacientes com problemas renais, como o funcionamento do rim está comprometido, a toxina, que é um aminoácido modificado, cai na corrente sanguínea, se liga a potenciais receptores do sistema nervoso central e inicia uma sequência de eventos que incluem: soluços, confusão mental, agitação psicomotora, convulsões e até a morte”. Se o diagnóstico for precoce, o tratamento até o momento é com hemodíalise.
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Pesquisa
Recentemente, pesquisadores da USP conseguiram isolar e caracterizar a neurotoxina – chamada de caramboxina – presente na carambola. A pesquisa foi realizada em colaboração entre a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP). Na realidade, os estudos sobre a caramboxina começaram em 1998, quando se constatou a morte por intoxicação de pacientes com problemas renais após ingerir a carambola ou o suco.
Segundo o professor Lopes, ao isolar a caramboxina percebeu-se sua baixa concentração na fruta. Para conseguir 3 miligramas da substância foram necessários 20 quilos de carambolas, colhidas de árvores que não passaram por tratamentos com pesticidas. Os pesquisadores também confirmaram que a neurotoxicina sofre degradação quando misturada e conservada por um longo período em água.
Paracomprovar os sintomas decorrentes da intoxicação por carambolae assim caracterizar a ação da caramboxina, os pesquisadores tiveram que fazer testes com suco concentrado da carambola em animais de laboratório com insuficiência renal, os quais apresentaram os mesmos efeitos (como convulsão e óbitos) de pessoas na mesma situação.
Segundo os pesquisadores, a caracterização da caramboxina é uma nova ferramenta de pesquisa em neurociências, que pode ajudar na produção de substâncias chamadas “antagonistas”, que são moléculas que imitam a toxina e podem se ligar aos receptores cerebrais antes da substância, evitando os sintomas. Tomara que a produção dessas substâncias não demore, afinal a fruta é muito usada em saladas, caipirinhas, sucos… e é deliciosa, além de bastante exótica.
Mais informações
Para saber mais, ligar para (16) 3602-3023, e falar com o professor Noberto Garcia-Cairasco, ou (16) 3602-4707, com professor Norberto. Informações extraídas da Agência Usp de Notícias: Disponível Aqui