O médico oncologista, Drauzio Varella, esclarece: “Próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, que produz e armazena parte do fluido seminal. Câncer de próstata é o tumor mais comum em homens acima de 50 anos. Os fatores de risco incluem idade avançada (acima de 50 anos), histórico familiar da doença, fatores hormonais e ambientais e certos hábitos alimentares (dieta rica em gorduras e pobre em verduras, vegetais e frutas), sedentarismo e excesso de peso. Os negros constituem um grupo de maior risco para desenvolver a doença”.
Trabalhando em silêncio
O médico ainda afirma que “a maioria dos cânceres de próstata cresce lentamente e não causa sintomas. Tumores em estágio mais avançado podem ocasionar dificuldade para urinar, sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga e hematúria (presença de sangue na urina)”.
Atenção: Dor óssea, principalmente na região das costas, devido à presença de metástases, é sinal de que a doença evoluiu para um grau de maior gravidade.
Como descobrir?
“O câncer de próstata pode ser diagnosticado por meio de exame físico (toque retal) e laboratorial (dosagem do PSA). Caso sejam constatados aumento da glândula ou PSA alterado, deve ser realizada uma biópsia para averiguar a presença de um tumor e se ele é maligno. Se for, o paciente precisa ser submetido a outros exames laboratoriais para se determinar seu tamanho e a presença ou não de metástases”, aponta Varella.
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Como tratar?
“O tratamento depende do tamanho e da classificação do tumor, assim como da idade do paciente e pode incluir prostatectomia radical (remoção cirúrgica da próstata), radioterapia, hormonoterapia e uso de medicamentos. Para os pacientes idosos com tumor de evolução lento o acompanhamento clínico menos invasivo é uma opção que deve ser considerada”, ressalta o oncologista.
Últimas notícias
O Jornal “A Folha de S.Paulo”, em 07/11/2013, anunciou, segundo nova recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia, que “os exames para rastreamento de câncer de próstata devem ser feitos a partir dos 50 anos, e não mais a partir dos 45 anos”.
Antonio Carlos Lima Pompeo, coordenador do departamento de uro-oncologia da entidade, ressalta que “a mudança está de acordo com as últimas descobertas científicas e segue orientações das principais sociedades médicas internacionais,.
“Aumentamos a idade mínima porque os últimos estudos mostram que a chance de ter câncer de próstata é baixa aos 45 anos. Mas ainda defendemos que homens com maior risco devem fazer a partir dos 45”, diz Pompeo.
E quem seria essa população? O médico responde: “Têm maior risco homens com casos de câncer na família, negros e obesos”.
Controvérsia
De acordo com o urologista Miguel Srougi, professor da Faculdade de Medicina da USP, fixar idade mínima para começar os testes é uma decisão “arbitrária e especulativa”.
Para Srougi “esse número não é baseado em dados científicos. Não tem como dizer qual é a hora certa de começar os exames. O homem tem que participar dessa decisão. Se ele tem caso na família, talvez queira ir ao médico com 40 anos”.
Segundo Pompeo, a chance de cura de um tumor localizado em estágio inicial é de mais de 90%: “É verdade que encontramos muitos tumores indolentes (pouco agressivos), mas também encontramos tumores com componentes agressivos e, nessas situações, há mais chance de cura quando o diagnóstico é precoce”.
Atenção a biópsias desnecessárias
Outra matéria de autoria de Mariana Versolato, publicada em 01/11/2013 pelo Jornal “A Folha de S.Paulo”, anuncia estudo do A.C. Camargo Cancer Center: “um novo aparelho que é posicionado entre as pernas do paciente pode evitar biópsias desnecessárias na próstata”.
Quem pode fazer o exame?
“O teste com o equipamento pode ser feito por homens com suspeita de câncer de próstata que já se submeteram aos exames de toque e de sangue (PSA) e têm indicação para fazer uma biópsia. O objetivo é definir quem realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento invasivo que pode causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina e na ejaculação”, informa Versolato.
Procedimentos desnecessários
A reportagem lembra que “apenas de 30% a 40% das biópsias são positivas para câncer –ou seja, a maioria dos homens com suspeita da doença passa pelo procedimento invasivo desnecessariamente porque o exame de toque e o PSA dão margem para incertezas”.
“Nos Estados Unidos, estudos mostram que há cerca de 750 mil biópsias de próstata desnecessárias por ano”.
Informações complementares
Gustavo Cardoso Guimarães, cirurgião oncologista e diretor do Núcleo de Urologia do A.C. Camargo, lembra que o novo equipamento não substitui a avaliação clínica e o exame de toque retal nem faz diagnóstico de câncer, mas funciona como um instrumento complementar na investigação da doença: “O exame de toque ainda é mais barato, simples e indispensável para detectar outras anomalias da próstata”.
Para Lucas Nogueira, diretor do Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, a tecnologia é promissora, mas mais estudos precisam demonstrar sua eficácia.
“Ainda faltam evidências de que esse teste seja superior aos já existentes”, diz. Há outra ressalva: o aparelho custa R$ 450 mil.
Hoje, uma alternativa para filtrar melhor quem deve fazer uma biópsia é a ressonância magnética, mas nem sempre a visualização da próstata é satisfatória.
Há também o PCA3, um exame de urina feito após massagem na próstata –ainda mais incômodo que o exame de toque.
Referências
FOLHA DE S.PAULO (2013). Médicos aumentam idade mínima para exame de próstata de 45 para 50 anos. Disponível Aqui. Acesso em 07/11/2013
VARELLA, D. (S/D). Câncer de próstata. Disponível Aqui. Acesso em 08/11/2013.
VERSOLATO, M. (2013). Exame evita biópsia de próstata desnecessária. Disponível Aqui. Acesso em 01/11/2013.