O Banco Mundial divulgou um importantíssimo estudo sobre o envelhecimento no país, fruto de um trabalho de mais de dois anos da equipe de Desenvolvimento Humano do Banco Mundial para o Brasil, liderada por Michele Gragnolati. Trata-se do relatório intitulado Envelhecendo em um Brasil mais velho, o qual mostra que atualmente a população ativa – em idade de trabalhar – supera o número de dependents: idosos e crianças.
Na avaliação do banco, essa situação é positiva para a economia do país, garantindo um momento de poupança e crescimento. A partir de 2020, no entanto, o número de idosos crescerá exponencialmente. A estimativa é que em 2050 29,7% dos brasileiros sejam idosos, taxa superior à europeia e próxima à do Japão.
Com uma diferença, antes de envelhecer, esses países enriqueceram. Por esse motivo, o Banco Mundial aconselha o Brasil a desenvolver rapidamente políticas públicas voltadas para o envelhecimento de sua população. As mudanças necessárias envolvem investimentos em educação, produção, no SUS e na Previdência Social.
Ao ingressar em um contexto demográfico fundamentalmente diferen- te, onde a população cada vez mais madura colocará um peso extra so- bre o sistema, o País pode ser forçado a tomar escolhas difíceis, com consequências para a pobreza entre grupos vulneráveis e para a pers- pectiva de crescimento.
Segundo Makhtar Diop, diretor para o Brasil, o “Brasil precisa aproveitar a oportunidade atual e se preparar para as mudanças estruturais que irá encontrar nas próximas décadas. Por e- xemplo, o mercado de trabalho precisa criar oportunidades suficientes para a população em idade ativa no curto prazo, mas o Brasil também terá que estimular a participação na economia de grupos como as mulheres para sustentar o crescimento da produtividade. Além disso, serão necessárias políticas para financiar os gastos fiscais induzidos pelo aumento da idade da população e estimular o crescimento da poupança e do crescimento. Dessa forma, o envelhecimento populacional pode levar a um grande acúmulo de capital e aumentos de renda, riqueza e bem-estar ao longo da vida”.
No entanto, ele reconhece – logo na apresentação do relatório – que as mudanças institucionais são difíceis de negociar com a sociedade, e têm longos períodos de transição. Para Dip, a experiência dos países desenvolvidos mostra adiar as reformas é aumentar as necessidades. Para ele o relatório aponta que a própria dinâmica da mudança revela oportunidades de ganhos e compensações. E dá um exemplo: “na medida em que menos alunos ingressam no sistema devido à queda na natalidade, recursos são liberados para outros propósitos, como o aumento da qualidade ou do ensino infantil. Da mesma forma, o processo gradual de envelhecimento é propício a programas multianuais menos drásticos de ajuste dos sistemas previdenciário, de saúde e educação”.