Discriminação, abandono familiar, falta de cuidados e de opções de trabalho e acesso adequado a serviços sociais marcam as condições dos maiores de 60 anos na América Latina e no Caribe. A essa realidade busca responder a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, aprovada em 15 de junho pelos Estados membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) e já assinada por Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica e Uruguai.
Emilio Godoy da IPS / Foto: Divulgação
“Quando adoeci violaram meus direitos, porque desmaiei no escritório, por causa do estresse que sofríamos. Não voltei para meu trabalho. Mas o diagnóstico médico dizia que não foi acidente de trabalho”, lembrou Téllez. Divorciada, mãe de três filhos e avó de oito netos, ela trabalhou por mais de 15 anos no Ministério Público mexicano, até se aposentar em 2006. Por essa razão, recebe de aposentadoria apenas o equivalente a US$ 225, quando seu salário ao se aposentar passava de US$ 1.250.
Discriminação, abandono familiar, falta de cuidados e de opções de trabalho e acesso adequado a serviços sociais marcam as condições dos maiores de 60 anos na América Latina e no Caribe. A essa realidade busca responder a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, aprovada em 15 de junho pelos Estados membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) e já assinada por Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica e Uruguai.
Trata-se do primeiro instrumento regional para promoção, proteção e reconhecimento dos direitos humanos desse grupo populacional, e que precisa da ratificação de dois Estados para entrar em vigor. A Convenção cria um sistema integral de cuidado para os idosos, uma Conferência das Partes e um comitê de especialistas que farão recomendações aos Estados.
Também permite que qualquer pessoa, ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental apresente à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vinculada a OEA, petições contendo denúncias ou queixas de violação da Convenção por parte de um Estado.
Atualmente, na região latino-americana há cerca de 71 milhões de pessoas com mais de 60 anos e estima-se que em 2040 esse segmento da população supere o de crianças, segundo um fórum internacional sobre os direitos humanos dos idosos, organizado pelo Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (Celade), realizado nesta capital.
Para Sandra Huenchúan, especialista em envelhecimento do Celade, os principais desafios se referem à falta de proteção na assistência social, ao acesso à saúde, à inclusão social e à pesquisa relacionada com os direitos dos idosos. “Em muitas legislações há dificuldade de aplicação, e faltam garantias institucionais e jurisdicionais que permitam torná-las efetivas”, apontou à IPS.
Huenchúan acrescentou que “há uma quantidade enorme de setores em que os idosos estão desprotegidos, apesar de haver mecanismos legais padronizados. Para a sociedade não está claro que têm direitos”. Até agora, Brasil, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela são os países latino-americanos que contam com uma norma específica de proteção dos direitos dos idosos.
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