Oncologistas clínicos e um capelão no Johns Hopkins Kimmel Cancer Center desenvolveram uma nova ferramenta para ajudar médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde a conversar com pacientes terminais e suas famílias que estão, literalmente, rezando por um milagre.
News Medical
“A ferramenta AMEN permite que o profissional de saúde se una ao paciente e à família como um outro ser humano, com esperanças e aspirações, e cria uma sensação de confiança e compromisso com o cuidado”, disse Rhonda S. Cooper, mestre em divindade e a capelã da instituição.
Segundo ela, em palestras na Johns Hopkins University, a ferramenta tem sido apresentada à equipe clínica como uma forma de “respeitar as crenças e valores do paciente enquanto cuidamos dele da melhor forma possível”. Cooper e seus colegas descreveram a protocolo online na edição de 6 de maio do periódico Journal of Oncology Practice.
Cooper afirma que pacientes e familiares geralmente se voltam para a ideia de um milagre durante uma doença ou trauma grave. Num estudo citado pelos pesquisadores e conduzido pela University of Connecticut e Georgetown University, 57% dos adultos pesquisados de maneira randomizada disseram acreditar que “a intervenção de Deus poderia salvar um membro da família” mesmo quando os médicos diziam que quaisquer tratamentos adicionais seriam fúteis.
Médicos e enfermeiros podem se sentir desconfortáveis discutindo milagres como um evento religioso, ou sentir que eles não têm o treinamento ou tempo para conversar sobre milagres, disse Cooper. No entanto, é importante não descartar a ideia quando pacientes e familiares levantam o assunto.
“Se o profissional de saúde faz um comentário que parece desprezar Deus ou a fé da pessoa, isso definitivamente afetará a relação de confiança”, explicou Cooper. “O objetivo da conversa entre profissional de saúde e paciente e sua família é se manter conectado, não debater a possibilidade de milagres acontecerem ou não.”
A ferramenta AMEN, que especificamente consiste num roteiro recomendado para conversar com os pacientes, pode ajudar especialistas médicos a ver a esperança por um milagre como uma oportunidade de se unir ao paciente e sua família na sua conversa sobre final de vida, enfatizou Cooper. O objetivo é manter a confiança e criar uma comunicação aberta e honesta conforma o plano de cuidado vai sendo discutido. A ferramenta pode lembrar profissionais de saúde a “perguntar, ao invés de presumir, o que pacientes esperam”, disse a enfermeira Anna Ferguson, colaboradora do protocolo.
O aspecto “independentemente do que acontecer” pode ser especialmente importante para pacientes passando de tratamento agressivo para Cuidados Paliativos, destacou Cooper. “Todos acreditamos que o “não abandono” ou acompanhar a família e o paciente “por todo o caminho”, independentemente do resultado do tratamento, é o que podemos assegurar a qualquer um que cruza nossas portas.”
“Não esperamos que nossos profissionais de saúde se transformem em teólogos ou “especialistas em milagres’, mas que mantenham a conexão e respondam ao convite do paciente para caminhar com eles durante a experiência”, concluiu Cooper.
Fonte: News Medical, 30 de junho de 2014. Disponível Aqui