Para a OMS, a acupuntura é considerada uma terapia complementar, indicada para o tratamento de cerca de 300 doenças, tais como enxaquecas, problemas gastrointestinais, alergias, dores agudas, dores crônicas e sofrimento psicológico.
Em colaboração com Larissa Silva Costa (*)
A acupuntura é um método da Medicina Tradicional Chinesa, utilizado há, pelo menos, seis mil anos. É prática que objetiva a manutenção da saúde por meio de estímulo a pontos específicos do corpo, buscando a integração corpo e mente e a promoção do equilíbrio e bem-estar do organismo. Documentos revelam seu uso por antigos habitantes das regiões centrais da China com a finalidade de analgesia, através de mecanismos relacionados à contrairritação. Com o decorrer do tempo, foi incorporando novas técnicas e teorias. Assim, a prática realizada na contemporaneidade correlaciona o conhecimento anatômico e fisiológico do corpo humano com a percepção chinesa da rede de circulação de força vital designada Qi.
A prática é realizada no mundo todo, tendo em vista a simplicidade da técnica, sua eficácia e rapidez de efeitos. No Brasil, por influência da imigração asiática, começou a ser praticada por volta de 1810 e, em 1950, foi fundado o Instituto Brasileiro de Acupuntura, atualmente Associação Brasileira de Acupuntura.
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Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a acupuntura é considerada uma terapia complementar, indicada para o tratamento de cerca de 300 doenças, tais como enxaquecas, problemas gastrointestinais, alergias, dores agudas, dores crônicas e sofrimento psicológico.
A técnica baseia-se na inserção de agulhas em pontos anatômicos específicos do corpo, objetivando a produção de efeito terapêutico e analgésico. Esses pontos específicos, denominados acupontos, são pontos com sensibilidade ao estímulo e à resistência elétrica reduzida, localizados próximos às articulações, tendões, vasos, nervos, nos locais de maior diâmetro muscular e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da pele.
Os acupontos estão distribuídos em doze linhas denominadas meridianos, que contemplam órgãos como coração, fígado, baço-pâncreas, pulmão, estômago, rim, circulação-sexo, intestino delgado, vesícula biliar, intestino grosso, bexiga e triplo aquecedor. Desta forma, apresentam-se no sentido vertical, originando pares simétricos, faces dorsal e ventral da superfície corporal.
Fonte: Meridianos do corpo. https://estudandomtc.com/meridianos-extraordinarios-metodos-de-aplicacao
A acupuntura destaca-se por estimular diversas respostas biológicas, favorecendo o bem-estar e melhora na qualidade de vida. As respostas decorrem de efeitos dos estímulos provocados pelo acupunturista nos acupontos e que são transmitidos e atuam tanto no sistema nervoso periférico quanto central. Assim, há ação na medula espinhal, tronco cerebral, córtex cerebral e no sistema límbico, levando à liberação de substâncias no organismo denominadas neuro mediadores, tais como endorfinas, óxido nítrico, serotonina, além de hormônios reguladores que auxiliam nos processos de analgesia e na modulação da dor. Esta ação leva a modificação da circulação sanguínea por meio de micro dilatações, relaxamento muscular, melhora em processos inflamatórios e dolorosos e regularização e recuperação de funções orgânicas;
A acupuntura não envolve apenas as técnicas de agulhamento, mas possui uma diversidade de recursos terapêuticos e tecnológicos: ventosaterapia (utiliza o vácuo), moxabustão (emprega calor), eletroacupuntura (usa ultrassom), infravermelho, moxa elétrica, acupressão (pressão nos acupontos), entre outros recursos, todos permitindo a estimulação dos pontos.
No Brasil, houve difusão da acupuntura nos serviços de saúde, além de indicada para o manejo de dores agudas e crônicas, tais como lombalgias, cefaleias, dor pélvica e cervical, buscando melhora da qualidade de vida. Por apresentar efeitos de diminuição da ansiedade e antidepressivos, pode auxiliar na melhora na qualidade do sono, estados emocionais mais positivos e sensações de euforia e relaxamento.
Estudos demonstram ainda a eficácia da acupuntura como terapia complementar no controle e melhora de sintomas da doença de Parkinson, ação que decorre do aumento do fluxo sanguíneo e estimulação nas áreas cerebrais relacionadas à fala e coordenação motora, propiciando também a diminuição dos tremores. Ainda, estudos sugerem que essa terapia tenha efeitos neuroprotetivos e anti-inflamatórios.
É preciso salientar que a OMS desde 1979 orienta a acupuntura como tratamento complementar na reabilitação pós acidente vascular encefálico (derrame cerebral), principalmente, a partir do uso da eletroacupuntura.
A acupuntura tem sido cada vez mais buscada e indicada pelos profissionais, principalmente pelos geriatras, por ser uma alternativa que permite a diminuição da medicalização do indivíduo, o que diminui os riscos de reações adversas aos medicamentos, melhorando direta e indiretamente, portanto, a qualidade de vida.
Referências
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OLIVEIRA, Filipe da Silva Batista de. Tratamento da dor crônica por meio da acupuntura – revisão literária. Disponível em: < https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/17/76_-_Tratamento_da_dor_crYnica_por_meio_da_acupuntura_Y_revisYo_literYria.pdf>.
SCOGNAMILLO-SZABÓ, Márcia Valéria Rizzo; BECHARA, Gervásio Henrique. Acupuntura: bases científicas e aplicações. Ciência Rural, Santa Maria, v.31, n.6, p. 1091-1099, nov. 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/RDYHgzW8gQPp5zhn7VytrdJ/?lang=pt#:~:text=A%20acupuntura%20visa%20%C3%A0%20terapia,e%20linguagem%20da%20cultura%20ocidental>.
TAFFAREL, Marilda Onghero; FREITAS, Patricia Maria Coletto. Acupuntura e analgesia: aplicações clínicas e principais acupontos. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 9, p. 2665-2672., jun. 2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-84782009000900047>.
(*) Larissa Silva Costa é estudante de do curso de graduação em Enfermagem, do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, e estagiária no Programa Bolsa Talento.
Foto destaque de RODNAE Productions/Pexels