Tudo sem fio, tridimensional, holográfico, com as mais belas imagens e cores. Televisão, internet e computador formam agora um só equipamento. Monitores de grandes dimensões estão espalhados por todos os cantos de nossas casas, escritórios, aeroportos, supermercados, estádios e fábricas. À nossa volta, milhões de microprocessadores e de dispositivos de radiofreqüência controlam nossa vida, abrem portas, identificam pessoas, autorizam a entrada de cada uma, controlam o tráfego nas ruas, acionam milhares de câmeras de vídeo que registram tudo que se passa em torno de nossas casas ou nas ruas. A comunicação tornou-se um fenômeno avassalador, não apenas homem-homem (HH), mas também homem-máquina (HM) e, mais do que tudo, máquina-máquina (MM). No distante ano de 2010, quando você cruzava um pedágio com seu carro e a cancela se abria automaticamente nas grandes rodovias, o mundo estava vivendo a infância da comunicação máquina-máquina.
Ethevaldo Siqueira *
Na casa digital, tudo está automatizado, com uma internet super-rápida a 10 gigabits por segundo (Gbps), sistemas rotineiros de teletrabalho, telemedicina e teleducação. No home theater, espetáculos de todo tipo em transmissões de TV-3D, ao vivo, de shows de música popular a concertos clássicos das maiores orquestras, e turismo virtual com as viagens mais emocionantes.
Mais do que ficção, esse cenário resulta da simples extrapolação tecnológica e do desdobramento da eletrônica, das telecomunicações e da informática que temos hoje – segundo a visão de alguns especialistas e visionários de renome que têm debatido o tema “A tecnologia de entretenimento de 2025” em mesas-redondas promovidas ao longo das edições do Consumer Electronics Show, o maior evento mundial de eletrônica de consumo, realizado anualmente em janeiro, em Las Vegas.
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- 25/11/2014
Debate de gurus
Na última dessas mesas-redondas, os debatedores foram Stephen DiFranco, do Americas Consumer Group, da Lenovo; George Harper, um dos fundadores da Cerberus Corp.; Len J.Lauer, da Qualcomm; Sean Maloney, da Intel; Phil McKinney, da HP; e Kara Swisher, editora executiva da revista All Things D.
Para dar uma ideia mais completa da evolução da tecnologia, os debatedores fizeram uma retrospectiva do que eram os principais produtos de eletrônica e de entretenimento em 1985, ou seja, há 25 anos. O resultado foi o mais surpreendente: vivíamos noutro mundo. Os telefones celulares eram tijolões e objetos raros. Internet? Era apenas uma futurologia conhecida de algumas pessoas, no governo e nas universidades. O cidadão comum não tinha ideia do que poderia ser um e-mail. A TV digital de alta definição era apenas um projeto em laboratório.
Em seguida, os especialistas passaram a discutir a visão prospectiva: como será 2025? O roteiro seguido partiu da evolução da tecnologia atual em diversos segmentos. Assim, na microeletrônica, a indústria deverá estar esgotando as possibilidades da produção de chips e memórias de silício, ingressando na era dos nanochips e dos biochips. Esses componentes eletrônicos irão, com certeza, incorporar recursos e funções incríveis aos equipamentos e dispositivos do futuro.
Os superchips
Imagine, leitor, como serão os celulares daqui a 15 anos, com esses superchips. Poderemos dispor de smartphones centenas de vezes mais complexos e inteligentes do que os atuais, que mais se assemelharão a computadores, com programas e aplicativos muito mais avançados para serviços de informação, comunicações, fotografia de alta resolução a mais de 30 megapixels, sistemas localização muito mais precisos do que os atuais GPS, armazenamento de música e vídeo para centenas de horas, sistemas de projeção a laser para apresentações de palestras ou simples projeção de filmes em qualquer parede branca ou telas especiais. Com esse smartphone de 2025 ninguém se perderá, porque ele emitirá um sinal permanente de localização para uma base em nossa casa ou empresa.
É provável que nenhum outro segmento da eletrônica e da eletrônica de entretenimento se desenvolva mais e com velocidade maior do que o mundo sem fio, ou wireless. Além de integrar todas as redes, o celular de quarta geração (4G) será uma ponte permanente e segura entre o cidadão e sua residência, seu trabalho, seu lazer e o resto do planeta.
Com a oferta crescente de banda larga, por volta de 2020, a internet 3.0 poderá tornar-se muito mais popular do que conseguimos imaginar, integrando-se a todo tipo de trabalho e de entretenimento. E, não tenham dúvida, assistiremos à expansão explosiva da TV planetária com tecnologia IPTV, permitindo também o nascimento de uma espécie de Cloud TV – a “televisão da nuvem”.
A interface de voz
Mais do que apertar botões ou usar teclados, falaremos com as máquinas, em especial com o computador. Tudo tende à comunicação intuitiva e humanizada da fala e dos gestos. Na verdade, já vivemos o começo dessa grande revolução em nosso relacionamento com as máquinas e aparelhos eletrônicos: é a interface por meio de gestos e sinais. Aquilo que vemos ainda na infância tecnológica das telas de toque (touchscreen) dos iPods, iPhones e iPads vai desenvolver-se de modo acelerado até 2025. As telas e monitores da maioria dos aparelhos serão interfaces cada dia mais fáceis de usar e mais intuitivas.
A evolução impressionante dos televisores nos últimos três anos é um prenúncio do que serão os monitores de grandes dimensões por volta de 2025. Nos primeiros dez anos de maturação e popularização dos monitores sempre mais avançados de TV-3D, do super cristal líquido (LCD) e da TV a laser, sua utilização dominante deverá estar voltada para jogos e entretenimento. E até 2015 o mundo disporá de uma quantidade imensa de filmes tridimensionais. Até o acervo de filmes 2D atuais poderá ser transcodificado automaticamente para filmes 3D. As telas de nossos computadores serão, antes de tudo, um espetáculo visual.
Em nosso dia a dia, usaremos intensamente os WTCs portáteis que, talvez, sejam os aparelhos multifuncionais mais populares de 2025. Para quem não sabe, WTC é a sigla imaginária de Web-Television-Computers (o equipamento que integrará internet, TV, computador) com função de e-reader, de TV, de smartphone e de terminal de internet de alta velocidade.
Toda essa parafernália eletrônica estará cada dia mais presente nos automóveis, nas fábricas, nos bancos, nas escolas e na agricultura. Tudo será mais fácil, mais rápido, mais seguro, mais ecológico e mais produtivo.
Os filósofos nos perguntam: “Será que com toda essa tecnologia e com todos esses avanços seremos mais felizes?”
Fonte: Estadão de 16.06.2010, Quinta-feira, 17 de Junho de 2010. Acesse Aqui