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Fluxos em São Paulo – Gravuras de Ana Alice Francisquetti

A cidade de São Paulo é palco de acontecimentos e velhices de todos os tipos. Até dia 29 de março, quem estiver pela metrópole poderá ver, na Galeria Virgílio, a exposição Fluxos da artista e gravurista Ana Alice Francisquetti.

 

Estive presente na abertura e confesso que suas gravuras me impressionaram pela força e ousadia da obra, cujo papel usado na impressão é um atrevimento da artista. Ana Alice escolheu um papel de restauro japonês para acolher seu trabalho. Não conheço artista que tenha ousado tamanha ação ao imprimir.

Quem conhece o ato de gravar, poderá facilmente imaginar o risco que foi colocar um papel tão delicado e fino em uma prensa de gravura. Ao ser prensado sobre a chapa de metal já corroída pelos ácidos, o papel sofreria uma pressão que colocaria cada impressão em risco de perigo imanente.

A artista relatou esse momento referindo-se a um aperto no coração que quase o faz parar, mas prosseguiu nos contando que esse papel tão delicado é exatamente igual a nossa vida: Imensamente frágil, porém capaz de aguentar a pressão imposta pelo viver.

Ana Alice é poética. É artista nas mãos, no pensar e no viver. Imprime sua visão de mundo nas suas gravuras que nesta exposição retratam o fluxo da vida, do viver e do existir. Tudo flui, em sequências, em vicissitudes dos acontecimentos, como o movimento da maré, do rio, da cachoeira. Um fluxo que não é isolado e que está em consenso com a natureza das coisas.

E é a fragilidade do papel que puxa detalhes mais finos e fornece uma nova cor de fundo, permitindo novas descobertas de cores e formas.

E se pensarmos na vida, será que não é a nossa fragilidade posta em prova que nos faz perceber o que nem sempre é visível? A exposição da Ana Alice é inspiradora para os olhos e para a vida.

No seu poder criativo está seu elixir da juventude já que em cada gravura ela se renova e se ressignifica dando ao expectador a possibilidade de encontrar formas nas suas visões sugeridas.

Ao pensar em Ferreira Gullar que dizia que “A Arte existe porque a vida não basta”, ao se tratar de Ana Alice Francisquetti a frase do poeta deveria ser adaptada para:” A Arte existe porque a velhice não basta”.

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Ao visitar a exposição de Ana Alice, nós, seres desejantes, almejamos esse tipo de velhice para nós: Criativa, ousada e produtiva.

Que a velhice possa ser um experimento constante e que o mundo possa nos mostrar velhos interessantes. Através dos caminhos traçados na velhice da artista, que possamos observar, aprender e imprimir um novo olhar para um novo caminhar: Na arte de viver e na arte de envelhecer.

Exposição FLUXOS

Gravuras de Ana Alice Francisquetti

De 08 a 29 de março de 2017

Rua Doutor Virgílio de Carvalho Pinto, 462 – Pinheiros, São Paulo

Email da artista: anaaessio@uol.com.br

 

 

Cristiane T. Pomeranz

Arteterapeuta, entusiasta da vida e da arte, e mestre em Gerontologia Social pela PUC-SP. Idealizadora do Faça Memórias em Casa que propõe o contato com a História da Arte para tornar digna as velhices com problemas de esquecimento. www.facamemorias.art.br E-mail: crispomeranz@gmail.com.

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